Autoridades do setor elétrico participam de solenidade de 40 anos do Cepel

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“O Cepel tem respondido com eficiência a todas as demandas que recebe. Muitas vezes, ao longo de 2014, nós demandamos o Cepel em busca de informações científicas para embasar decisões fundamentais, transcendentais, que o ministério teve de tomar a respeito daquilo que se preconizava, uma racionalização de energia elétrica durante este ano. O Cepel nos garantiu, portanto, os estudos e a segurança sobre a decisão que tomamos”, ressaltou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em vídeo apresentado na solenidade de comemoração dos 40 anos do Centro, realizada, no dia 12 de dezembro, na Unidade Fundão.

Presente na solenidade, o secretário-executivo do MME, Márcio Zimmermann, ex-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Centro, assinalou que um país pode ter grandes universidades, políticas de tecnologia, mas é muito importante ter centros voltados para áreas estratégicas, como a energia elétrica.

“É importante que se tenha mais centros de pesquisas no Brasil. É chave para o setor elétrico ter um centro de pesquisas como o Cepel. Acredito que um dos segredos para o sucesso e a perenidade do setor é ter um centro de pesquisas interagindo com a academia”, destacou, mencionado algumas das contribuições do Centro, a exemplo dos programas para o planejamento da expansão e da operação eletroenergética, como o NEWAVE, e da solução de supervisão e controle em tempo real desenvolvida pelo Cepel, o SAGE, usada pela maioria das grandes empresas transmissoras e geradoras do país, e que constitui a base do REGER [Rede de Gerenciamento de Energia], sistema utilizado pelo ONS, desde o final de 2013, para a operação em tempo real do Sistema Interligado Nacional.

“Num setor elétrico como o nosso, sempre há desafios e necessidade de atualização. A cada dia, o nosso setor vai ficando mais complexo. Vamos precisar cada vez mais de instituições como o Cepel”, completou Zimmermann, citando, como exemplo, o desenvolvimento de tecnologias de transmissão em longa distância para atender aos grandes centros consumidores, o que será viabilizado por meio de pesquisa experimental no Laboratório de Ultra-Alta Tensão, em fase de implantação no Centro, na Unidade Adrianópolis.

Já o presidente da Eletrobras, José da Costa, acrescentou que a atuação do Cepel transcende a fronteira brasileira. “Eu voltei agora da COP 20 [Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas], e com muita satisfação vi lá alguns trabalhos e exemplos de sucesso. Dois desses exemplos têm muito a ver com o Cepel: o sistema de geração brasileira e a sua integração por um sistema de transmissão de dimensões continentais são possíveis graças a programas desenvolvidos pelo Cepel, como o SAGE, o ANAREDE e o ANATEM e uma série de outros”, frisou.

Costa ainda fez menção à necessidade de investimentos futuros em tecnologia para lidar com as fontes alternativas intermitentes. “A energia solar vai ser uma realidade, e isso significa geração distribuída. Não teremos mais apenas a figura do consumidor, vamos ter o ‘prosumidor’. Precisaremos muito ainda do trabalho do Cepel, precisaremos de pesquisa e inovação”, disse.

Valter Cardeal, diretor de Geração da Eletrobras e presidente do Conselho Deliberativo do Cepel, ressaltou que a instituição foi “a base, a inspiração para o programa do governo federal ‘Ciência sem Fronteiras’, do qual participam, hoje, muitos dos empregados do Centro e tantos outros profissionais Brasil a fora”.

Em busca de autonomia tecnológica

“Estamos em busca de soluções para o problema crucial de criar as bases de um processo de desenvolvimento tecnológico capaz de adquirir, progressivamente, força criadora e energia suficiente para atingir e manter relativa autonomia”. Foi com estas palavras, nos idos de 1971, que o então ministro de Minas e Energia, Antônio Dias Leite, solicitou à Presidência da República a criação de centros de tecnologia no Brasil. A fundação do Cepel, em 1974 pela Eletrobras e suas subsidiárias, Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul, veio atender justamente a este objetivo.

“A criação do Cepel foi fruto de uma visão de futuro, e a trajetória da instituição representa um efetivo marco para a maior autonomia tecnológica do setor elétrico nacional”, afirmou Albert Melo, diretor-geral do Cepel, fazendo menção a Dias Leite.

Ao longo destes 40 anos, o Cepel vem desenvolvendo soluções tecnológicas nacionais para enfrentar desafios únicos, de grandes proporções, do tamanho do Brasil. Neste contexto, o diretor-geral do Centro destacou que “a excelência do Cepel se apoia em um tripé: excelência em hardware, excelência em software e excelência em pessoas, tanto na atividade-fim, quanto na atividade-meio”.

Melo ressaltou que o Cepel exerce a Secretaria Executiva de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D+I) da Comissão de Política Tecnológica das empresas Eletrobras, sendo o executor central de suas linhas de pesquisa, programas e projetos, e provendo consultoria e assessoramento na avaliação de resultados, na gestão do conhecimento tecnológico e sua aplicação.

“Também colaboramos com o MME, com o MCTI [Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação] e entidades setoriais aqui presentes, como a Empresa de Pesquisa Energética, o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e a agência reguladora, Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica]”, assinalou Melo.

Citou, ainda, que o Cepel exerce a coordenação técnica do programa de trabalho entre o MME e a Agência Internacional de Energia (AIE), e que o Centro participa, em apoio ao ministério, da Iniciativa de Desenvolvimento Sustentável de Hidroeletricidade, liderada pelo Brasil no Fórum Ministerial de Energia Limpa, e da Iniciativa das Nações Unidas em Energia Sustentável para Todos.

Acrescentou, também, que os “produtos do Centro têm aplicação em toda a indústria de energia elétrica, e que os resultados obtidos e mantidos no estado da arte somente foram possíveis graças à parceria com a academia, centros de pesquisa e especialistas no Brasil e no exterior, bem como ao permanente apoio da Eletrobras e demais empresas associadas”.

Retorno em conhecimento e desenvolvimento tecnológico

“Vejo um Cepel maduro, fortalecido, forte e pujante, dando a segurança de que Furnas necessita para revitalizar seu sistema elétrico, para buscar a excelência operacional que o setor elétrico como um todo precisa ter”, disse o diretor-presidente de Furnas, Flávio Decat, acrescentando que o que se vislumbra para o Cepel, nos próximos anos, é que ocupe, de forma cada vez mais sólida, a fronteira do setor com a academia.

Referindo-se à importância do conhecimento e do capital humano para o desenvolvimento de uma nação, Antônio Varejão de Godoy, presidente da Chesf, afirmou: “Não existe país, não existe empresa que consiga sobreviver, crescer e se desenvolver sem conhecimento. O setor cresceu, o país cresceu, e não poderia chegar aonde chegou se não existisse o Cepel. São as pessoas, os empregados, colaboradores e pesquisadores aqueles que constituem o abrigo mais importante dessa entidade”.

O diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci, afirmou que “as empresas fundadoras do Cepel não são mantenedoras, mas, sim, investidoras [do Centro], pois o retorno vem em conhecimento e desenvolvimento tecnológico para o setor elétrico e para o país”.

Sobre o apoio prestado pelo Cepel, Ronaldo dos Santos Custódio, diretor de Engenharia da Eletrosul, afirmou: “Nós somos o Cepel, e o Cepel faz parte de nós. Somos uma coisa única. Nós temos uma estrutura de engenharia muito boa, mas a nossa segurança é o Cepel”.

“O maior legado dessa Casa [Cepel], sem dúvida, são vocês – pesquisadores, técnicos, administrativos. Sem essa força, sem a presença de vocês, nada poderia ter sido construído, nada poderia ter sido feito e ter sido deixado como legado para a história do Brasil, para a ciência, para a tecnologia e para o setor elétrico”, frisou Josias Matos de Araújo, diretor de Regulação da Eletrobras.

Para Airton Langaro Dipp, diretor-técnico executivo da Itaipu Binacional, o Cepel é um pilar para o avanço tecnológico do setor elétrico brasileiro. “ O Cepel, ao longos dos seus 40 anos, vem sendo fundamental para que o setor elétrico brasileiro avance cada vez mais em pesquisa, inovação e tecnologia, dando sustentação ao crescimento, com qualidade, dos setores de geração, transmissão e distribuição”.

Sobre a trajetória bem-sucedida do Cepel, o ex-diretor-geral da instituição, Jerzy Lepecki, afirmou “a probabilidade de uma entidade como o Cepel, no Brasil, não sobreviver tanto tempo é muito grande. Então, [o Centro] está realmente de parabéns não só por seus 40 anos, mas pelos 40 anos da maneira como ele está até hoje: muito bem conceituado nacional e internacionalmente, com trabalhos que vão desde softwares muito sofisticados, usados para o planejamento e operação do sistema brasileiro, até uma instalação de grande porte para testes de equipamentos com capacidade e abrangência cada vez maiores”.

Relembrando as mudanças ocorridas no setor elétrico nos últimos 40 anos, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Altino Ventura Filho, também destacou a importância de o país ter um centro de pesquisas como o Cepel, já que o sistema elétrico brasileiro requer tecnologias e pesquisas próprias. “O Cepel foi muito bem-vindo quando foi criado. Ele já nasceu grande, e nesses 40 anos cumpriu muito bem sua missão”, disse.

Em relação à inovação, o diretor do Departamento de Relações com o Governo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luis Antonio Elias, destacou: “quando fomos discutir com a senhora presidente [Dilma Rousseff] e apresentamos os temas voltados para produção de energia, ela colocou claramente o laboratório do Cepel em Ultra-Alta Tensão como um tema de primordial relevância, e o avanço dessa tecnologia como prioridade”.

Apoio a entidades setoriais

“Espero que esta parceria continue por mais 40 anos, e que seja cada vez mais aperfeiçoada; que possamos compartilhar cada vez mais”, afirmou Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), referindo-se a projetos como o REGER e ao desenvolvimento em tempo recorde do CVaR (Valor Condicionado a um Dado Risco).

A incorporação deste mecanismo de aversão ao risco, desenvolvido e implementado pelo Centro, nos modelos NEWAVE e DECOMP, permite maior equilíbrio entre a garantia da segurança energética e os custos operativos do sistema, com reflexos na formação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) no mercado de curto prazo, possibilitando que as térmicas mais baratas sejam despachadas mais cedo e com mais frequência.

Ressaltando a importância do Cepel na primeira década de existência da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda Farias, diretor de Estudos de Energia Elétrica da empresa, disse: “o Cepel é para a EPE uma entidade de fundamental importância, porque suas pesquisas para novas tecnologias podem ser usadas para o planejamento da expansão do setor elétrico nacional. O Cepel tem participado ativamente dos estudos coordenados pela EPE, a exemplo do que aconteceu nos estudos de corrente contínua do Madeira e Belo Monte. Nossa parceria irá se desenvolver e se aperfeiçoar cada vez mais, para enfrentarmos um futuro mais complexo e desafiador”.

“O estado que alcançamos hoje, de independência tecnológica, tem muito a ver com o Cepel. Um centro de pesquisas tem o caráter de promover a inovação, tendo um papel substancial no desenvolvimento de uma nação. O Cepel tem, teve e continuará tendo esse papel na vida do Brasil”, concluiu Luiz Eduardo Barata, presidente do Conselho da Câmara da Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Participaram, ainda, da mesa, Roberto Pereira Caldas, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Cepel; Alcêo Mendes de Souza Junior, diretor de Laboratórios e Pesquisa Experimental do Centro; José Carlos Correia Figueiredo, diretor Administrativo e Financeiro do Cepel.

Também estiveram presentes na solenidade Cesar Ribeiro Zani, diretor de Operação e Manutenção de Furnas e membro do Conselho Deliberativo do Cepel, além dos ex-diretores do Centro João Guedes de Campos Barros, Nelson Martins e Jorge da Motta e Silva, dentre outras autoridades e dirigentes do setor.

A solenidade foi encerrada por uma bela apresentação do coral do Cepel e por um momento de total confraternização, quando os colaboradores e colaboradoras do Centro, em uma só voz, cantaram “Sal da Terra”, de Beto Guedes, e “A Estrada”, da Banda Cidade Negra.

Dada a relevância do Cepel para o setor elétrico nacional, a solenidade de comemoração dos 40 anos do Centro foi tema de abertura do novo site do Ministério de Minas e Energia, que entrou no ar no dia 15 de dezembro.

Fonte: Cepel